quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Poesia em imagens






























































































































Nova York, A vida na grande cidade
Will Eisner

sábado, 16 de outubro de 2010

Distrações

Meu trabalho de conclusão de concurso (o famigerado tcc) é uma monografia sobre jornalismo em quadrinhos, a partir da obra de Joe Sacco.
Pesquisando algumas coisas na internet, acabei me distraindo. Mas acredito que tenho uma boa justificativa, afinal ler o trabalho do Sacco e conhecer o artista-cartunista-jornalista me parece muito mais atraente do que devanear sobre questões de gênero jornalístico...
Enfim, pelo menos, essa é a vantagem de estudar um tema desses... a gente sempre pode se distrair com o próprio trabalho...

O vídeo com uma apresentação de Sacco é longo e é em inglês, sem legenda. Mas pra quem se interessa por quadrinhos e/ou jornalismo (e/ou pessoas interessantes, que, por sinal, não se acham nada interessantes, mas têm coisas realmente interessantes para falar), vale muito a pena. Uma verdadeira aula! Ou melhor, uma ótima distração!


E, por falar em distração, por causa do Sacco (sinceramente, ele não me deixa trabalhar!), acabei descobrindo um blog que é um verdadeiro deleite: Dois Espressos!
"Notas sobre livros, música, artes visuais, gastronomia, gadgets, blogs, wanderlust e café espresso". Com uma apresentação dessas, acompanhada de duas xícaras de café fumegante, foi paixão à primeira vista!
Adorei a ideia das listas de leituras, ilustradas por fotografias de pilhas de livros. E eu, que adoro listas e livros, já ia longe, longe... do meu trabalho.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A santa apaixonada

Na conversa entre Cíntia Moscovich e Maria Valéria Rezende, surgiu o assunto dos escritores com mais de dois nomes. Teriam sucesso ou reconhecimento? A brincadeira e a resposta a um amigo estavam num texto de Maria Valéria. Carlos Drummond de Andrade e João Guimarães Rosa eram apenas alguns exemplos de que, sim, escritores com mais de dois nomes poderiam se tornar reconhecidos.

A lista incluía Rosa Amanda Strausz. Desconhecia a autora, mas o título do livro mencionado me era familiar: Teresa, a santa apaixonada.
Não que tivesse lido, mas tinha em casa um exemplar da minha irmã (Rosa também), que sempre se interessou por Teresa de Ávila, ou Teresa de Jesus. Nunca havia me despertado interesse especial, a não ser pela curiosidade de conhecer a vida de uma santa. Mas a Cíntia e a Maria Valéria falavam não apenas da santa, mas do livro da Rosa contar a história da Teresa escritora.

Foi neste momento que o Senhor lhe disse:
"Não te aflijas, eu te darei um livro vivo."

O livro vivo é uma das mais belas imagens do misticismo cristão. É o livro da experiência interior. Como se fosse uma obra encantada, se expressa de maneira diferente para cada leitor/autor, mas suas páginas contam apenas uma história: a da porta de comunicação que liga cada alma a Deus.

Seu tomo invisível se constrói a cada dia. Muda, se aperfeiçoa. Receber o livro vivo das mãos de Sua Majestade significa transformar a própria vida em obra. Nessa biblioteca incorpórea e infinita, homens, mulheres, intelectuais, conversos, cristãos-velhos, nobres e pobres estão unidos em um só texto: o das criaturas que transformam o amor divino em palavras.


Buscando a escritora, encontrei a alumbrada, que vivia sob o signo da paixão a busca pelo amor divino. A monja carmelita que ousou travar uma amizade com Deus, numa época em que a figura predominante era a do Pai que julga e pune. A santa que, por meio do silêncio, da entrega e do desapego, conseguiu realizar seu desejo de união.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Adoniran, uma biografia

Primeiro, conheci o autor. Depois, a obra. Celso de Campos Jr. veio a Santos para participar da segunda edição da Tarrafa Literária. Dividindo a mesa "A vida dos outros", com o jornalista Guilherme Fiuza, autor de Bussunda, a vida do Casseta e Meu nome não é Johnny, Celso falou sobre Adoniran, uma biografia.
A entrevista sobre o evento rompeu o que se podia esperar como barreira, talvez mais alimentada pelos próprios leitores do que pelos escritores. O contato ali, ao alcance da mão e da conversa, com uma pessoa de carne osso, responsável por um trabalho monumental, dessacralizava qualquer imagem, tornava real. A simplicidade do autor parecia destoar da grandiosidade da obra. Mas era isso mesmo. A pessoa falando do casamento de sexta-feira, a vinda pra Santos, o futebol de sábado à tarde e as mordomias do festival, era a mesma que tinha escrito a história da vida de ninguém menos que Adoniran Barbosa.
Só consegui ler o livro após o término da Tarrafa, e, apesar de pensar que teria aproveitado muito mais o evento se tivesse lido antes, posso me consolar acreditando que talvez aproveitei muito mais a leitura depois do festival. Relembrei histórias da vida do artista contadas no palco e descobri muitas outras - histórias que revelaram um Adoniran desconhecido e, ao mesmo tempo, recriaram a figura do Adoniran com que cresci.
Logo que iniciou a venda de compact disc no Brasil, ter o aparelho e álbuns era raridade. Quando finalmente a novidade chegou à minha casa, no início dos anos 90, o número de cds que possuíamos não ultrapassava dez. Entre eles, havia um álbum dos Demônios da Garoa. Já conhecia algumas músicas, mas não me cansava de ouvir e me divertir com a sonoridade e a letra de canções como Samba Italiano, As Mariposa e Samba do Arnesto. Não lembro se já associava o grupo à figura de Adoniran. O primeiro contato consciente com o artista (digo consciente, porque, no borrão da memória, recordo de festas de família com Trem das Onze ao fundo) veio com a novela Sassaricando. Tiro ao Álvaro, gravada com Adoniran e Elis Regina, compunha a trilha sonora. "De tanto levá frechada do teu olhar, meu peito até parece sabe o quê? Táubua de tiro ao Álvaro. Não tem mais onde furá." Aos meus ouvidos infantis, a letra soava como um misto de poesia e brincadeira de criança.
Cristalizou-se aí a imagem do artista brincalhão. Depois veio a do artista boêmio. E com a maturidade, a do grande cantor e compositor. Agora, após ler o trabalho do Celso, o meu Adoniran cresceu. Continua sendo o brincalhão, o boêmio, o cronista musical. Mas é mais. Muito mais.




(Programa Ensaio, ou MPB Especial, da TV Cultura, gravado em 1972)