terça-feira, 7 de junho de 2011

Outubro, 27, à tarde

Tenho-a toda em mim, e o sentimento que experimento por ela absorve tudo. Tenho-a toda em mim, e sem ela tudo é para mim como se não existisse.

Dezembro, 6
Como a sua imagem me persegue! Quer vele, quer sonhe, ela enche a minha alma inteira! É quando fecho os olhos, neste ponto da minha fronte onde se concentra a vista interior, que vejo seus olhos negros. Neste ponto! Não posso exprimir-lhe isto. Cada vez que cerro os olhos, eles lá estão, abrem-se diante de mim, em mim, como um oceano, como um abismo; não sinto outra coisa senão eles no meu cérebro.
Que é o homem, esse semideus tão louvado? Não lhe faltam as forças precisamente quando lhe são mais necessárias? Quando ele toma alento na alegria, ou se abisma na dor, não se imobiliza num ou noutro sentido e retoma a banal e fria consciência de si mesmo, no momento exato em que aspira a perder-se na plenitude do infinito?

(Werther, de Goethe. Livro considerado marco inicial do romantismo, ajudou a consolidar o conceito de amor arrebatador, levado às últimas consequências. Também inspirou uma onda de suicídios entre românticos...)

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