sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Bicicleta sob a partitura


Vídeo do artista japonês Manabu Shimada (indicação do Almir de Freitas)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"Cada decisão é uma escolha entre o sofrimento e o milagre."
(Márcia De Luca, Yoga pela Paz 2011)

domingo, 14 de agosto de 2011

Meia-noite em Paris

Nostalgia. Aquilo que nos faz sentir que um tempo passado - ou um momento no passado - era melhor do que o presente. Idealização daquilo que se viveu combinada com a saudade do que não se viveu. Pode se tornar inspiração ou escapismo. Nas mãos de Woody Allen, nostalgia se transforma em viagem poética no tempo.
Gil Pender, um medíocre roteirista de cinema que visita Paris com os sogros e a noiva um tanto superficial, sonha em viver em Paris e terminar seu romance. Certa noite, recebe um carona de Zelda e Scott Fitzgerald e é transportado para a Paris dos anos 20, idealizada por ele como a verdadeira época de ouro. A partir de então, passa a se encontrar com os nomes que povoaram a vida artística e literária da cidade: Cole Porter, Ernest Hemingway, Gertrude Stein, Pablo Picasso, Salvador Dalí, T.S. Eliot, Djuna Barnes, Josephine Baker, Man Ray, Luis Buñuel. Um desfile de encontros memoráveis e deliciosos, que confirmam que Paris é, realmente, uma festa.
Pender acaba se apaixonando por Adriana, símbolo da musa, amante de Picasso. Ela diz também ter sido amante de Modigliani e Braque. "Você elevou a categoria de groupie a um outro nível!" é a resposta de Pender, num dos divertidos anacronismos do filme.
A nostalgia e o amor por Adriana de um lado, a superação da "síndrome da época de ouro", do outro. Faz lembrar a frase de Randall Jarrell: "Pessoas que vivem numa era de ouro costumam reclamar que tudo é amarelo."
Apesar de medíocre (como ele mesmo se define), Pender é "despretensioso e ingênuo", e, em sua confusão entre passado e presente, a busca por se tornar um escritor melhor acaba transformando o que era conformismo e covardia em necessidade de começar a viver a partir de suas próprias verdades e sonhos.

"Todos os homens temem a morte. É um medo natural que nos consome a todos. Nós tememos a morte porque sentimos que não amamos o suficiente ou não amamos de modo algum, o que no fundo é a mesma coisa. Porém, quando você faz amor com uma grande mulher, uma que merece o maior respeito do mundo e que faz você se sentir verdadeiramente poderoso, o medo da morte desaparece completamente. Porque quando você divide seu corpo e seu coração com uma grande mulher, o mundo desaparece. Vocês dois são os únicos no universo inteiro. Você conquista o que o mais inferior dos homens jamais conquistou, você conquista o coração de uma grande mulher, a coisa mais vulnerável que ela pode oferecer a alguém. A morte não passa mais pela mente. O medo não mais encobre seu coração. Apenas a paixão pela vida e pelo amor se torna sua única realidade. Essa não é uma tarefa fácil porque exige uma imensa coragem. Mas lembre disso, no momento em que você fizer amor com uma mulher de verdadeira grandeza, você se sentirá imortal." (Uma das incríveis citações de Hemingway)


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Ler, pra quê?

Quem quiser que dê motivos para ler. Da minha parte, não dou nenhum. A leitura pode servir para muitas coisas, mas pode também não servir para coisa alguma. E é quando não tem nenhuma utilidade, quando não se justifica por outras razões além de si mesma, que a leitura atinge a meta. É o prazer de ler pelo prazer de ler em si. Ponto. E, no momento em que as pessoas descobrem este prazer, não precisam mais ser convencidas, já não necessitam de motivos.
Estas considerações surgiram porque tive que fazer uma matéria sobre uma biblioteca, incentivando o hábito da leitura. Mas não queria aquela chatice do tipo "leia porque isso ou leia porque aquilo". Só posso dizer que ler é bom porque é bom ler, se é que me entendem.
Enfim, todo esse devaneio é só para falar que, pesquisando algumas coisas, encontrei alguns materiais bem interessantes de incentivo à leitura.










"Uma conversa vagabunda traz à cena imagem, música, gestos que nos livram das banalidades que se encontram em nossos discursos... Trata-se de uma experiência liberta que nos leva a caminhos que não sabíamos que existiam." (Pierre Sansot)


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Nós, andarilhos, somos todos feitos assim. Nossa ânsia de peregrinar, de vagabundear se constitui na maior parte de amor e erotismo. A metade desse romantismo não é nada mais do que a esperança por uma aventura. A outra metade, porém, é um instinto inconsciente em transformar e aniquilar o erótico. Nós, os peregrinos, já estamos acostumados em acalentar amores impossíveis por serem impossíveis, e aquele amor que deveria pertencer a uma mulher facilmente dividimos entre a aldeia e a montanha, o lago e o precipício, as crianças pelo caminho, o mendigo na ponte, o gado no pasto, o pássaro e a borboleta. Nós separamos o amor da matéria amada, o amor em si nos satisfaz da mesma forma como não buscamos no caminhar a meta, senão só o próprio prazer do caminhar, de estar a caminho.
Jovem dama com o rosto cheio de frescor, eu não quero saber teu nome, não penso em alimentar nem acalentar meu amor por ti, pois não és a meta do meu amor, senão seu impulso. Darei esse amor de presente às flores do caminho, ao reflexo do sol no copo de vinho, à redonda e vermelha torre da igreja. És tu que fazes com que me apaixone pelo mundo.

(Caminhada, Herman Hesse)