domingo, 15 de setembro de 2013

The Big Bang Theory e a filosofia

(Ou as alegrias de ser um nerd)


Penny: Então, como você está?
Sheldon: Bem, minha existência é um contínuo, então estou como estou em cada ponto do referido período de tempo.

Leonard: Isso não quer dizer que se um relacionamento carnal se desenvolvesse eu não participaria. Ainda que fosse breve.
Sheldon: Você acha que essa possibilidade seria ajudada ou minada se ela descobrisse seu shampoo de Luke Skywalker que não arde nos olhos na banheira?
Leonard: É do Darth Vader. O Luke Skywalker é o condicionador.


Sheldon: Revisei o quadro e, pelo visto, você estava certo.
Raj: Então, você estava errado.
Sheldon: Eu não disse isso.
Raj: Essa é a única inferência lógica.
Sheldon: Ainda assim, não foi o que eu disse.

Sheldon: Devo dizer que desde que você começou a ter relações sexuais regularmente, sua mente perdeu o sentido aguçado. Você deveria refletir a esse respeito.
Leonard: Com licença, mas Einstein teve uma vida sexual bastante agitada.
Sheldon: Sim, e ele jamais unificou a gravidade com as demais forças. Se não tivesse sido tão assanhado, todos teríamos máquinas do tempo agora.

Leonard: Leslie, eu gostaria de propor um experimento... Estava pensando em uma exploração biossocial com sobreposição neuroquímica.
Leslie: Espere, você está me chamando para sair?
Leonard: Eu caracterizaria como uma modificação de nosso paradigma "colegas barra amigos" com a adição de um componente tipo encontro, mas não precisamos discutir a terminologia.

Penny: Sabe, eu sempre digo que quando uma porta se fecha, outra se abre.
Sheldon: Não, não abre. A não ser que as duas portas estejam conectadas por interruptores ou haja sensores de movimento envolvidos. Ou se a primeira porta que se fechou criou uma mudança na pressão do ar que afeta a segunda porta.

Junte uma de suas séries de TV favoritas e um de seus assuntos favoritos em um único livro e você terá diversão garantida. Em The Big Bang Theory e a filosofia, as situações vividas por Sheldon, Leonard e companhia, são exploradas a partir de grandes questionamentos filosóficos.
Para quem não conhece ou não é familiarizado com o mundo das séries, The Big Band Theory acompanha a vida de quatro acadêmicos assumidamente nerds - o que inclui devoção por quadrinhos, super heróis, Star Wars, Jornadas nas Estrelas, jogos de computador e tecnologia, entre outros. Suas habilidades intelectuais sempre esbarram em uma incapacidade de lidar ou mesmo de compreender situações sociais da vida cotidiana, e nisso reside grande parte da graça da série. O drama e as alegrias de ser nerd pipocando com piadas inteligentes em situações banais a todo instante.
Já o livro consegue colocar uma pitada de graça na filosofia, discutindo questões sérias levantadas por filósofos ao longo dos tempos a partir das aventuras e desventuras dos quase heróis de Pasadena. O propósito da vida, a virtude, o mal, cientificismo e as limitações da racionalidade, linguagem e realidade objetiva, são alguns dos temas debatidos por acadêmicos e estudiosos que também não escondem suas preferências nerds.
Talvez quem não acompanhe a série não veja muita graça no livro. Mas os fãs de The Big Band Theory vão gostar de conhecer melhor seus personagens favoritos a partir de uma perspectiva filosófica.

"Um desses diálogos é particularmente relevante para o debate a respeito do cientificismo. Em The Work Song Nanocluster [A nanopartícula da canção de trabalho], Sheldon voluntaria-se para ajudar Penny em sua nova empreitada: tornar a empresa 'Flores da Penny' o mais lucrativa possível. Um pouco surpresa, Penny pergunta: 'E você sabe sobre essas coisas?' Sheldon, com um pouco de escárnio, responde: 'Penny, eu sou físico. Tenho um conhecimento abrangente sobre o universo inteiro e tudo o que ele contém.' Um pouco irritada, Penny faz uma pergunta para testar a hipótese de Sheldon: 'Quem é Radiohead?' Dessa vez, hesitante, Sheldon declara: 'Tenho um conhecimento abrangente de todas as coisas importantes do universo.' Esse é um exemplo quase perfeito de falácia do cientificismo: os físicos podem algum dia obter sucesso ao chegar a uma teoria de tudo, mas 'tudo' tem um significado muito específico e limitado aqui, referindo-se aos fundamentos básicos do universo. Não é verdade, seja do ponto de vista epistemológico ou do ontológico, que alguém possa, então, simplesmente aplicar o método cartesiano para trabalhar sua ascensão desde as supercordas até a importância cultural da banda Radiohead. Além disso, Sheldon oferece um juízo de valor não tão implícito aqui. No entanto, seria racional perguntar por que a física teórica é o único modo de discurso importante? Ou mais diretamente, como Sheldon poderia provar ou justificar sua posição dentro da ciência sozinha? Juízos de valor, mais uma vez segundo David Hume, parecem distintos do discurso científico exatamente porque o que é ou o que pode ser feito não é um guia certeiro para o que deve ser feito."

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